terça-feira, 17 de junho de 2008

ÁCARO - Sombra do Sol - Fevereiro 2008

Na página 100
abraçado a rosa
vermelha
murcha
seca
muda
o ácaro ...
a roer o mofo-coração
Aqueles olhos calmos
de um charme vestido em camisetas
tocando as mãos delicadas
do que disparou
pintou-lhe a face de vermelho
Risos perdidos no vento de Julho
O beijo de outro gole de cafeína
Amargo gosto sem gosto
do que joga os olhos educados ao chão
para que não se fale se quer por educação
Não acolhe da queda
A rosa eterna e murcha
Manchou a página
com o sangue da rosa sem vida
escreveu o nome
que o peito negava-se
Saudade sentada em uma nota de rodapé
Abraçou-se a poesia
Abraçou-se a recordação
do instante eterno
Viu a rosa quando ainda era gente
Sorrindo entre os cabelos
da que era anjo
com os olhos de néctar de jabuticaba
Partiu faceira ao lado de um riso
que a levou em casa
Risos solitários
desses que riem da gente ou pra nós
Quando estamos leves
entre as nuvens do amor
ou no purgatório de sensações infernais
Com a rosa viva na mão dos sonhos fantasmas
Ouvindo o silêncio de um ácaro
a roer o mofo-coração.